domingo, 22 de maio de 2011

Mãe... E mulher também!


Que estilo de mãe você é: insegura, controladora, culpada?... E que tipo de mulher? Ah!... Esqueceu que também é mulher! A jornalista que escreve esta coluna também sobe todo dia na balança e se equilibra: hoje sou a mãe... ou mulher? Bom é misturar tudo e ser feliz. Sem receio. Mas que fique claro: mãe e mulher se completam, mas têm funções distintas. Vamos trocar experiências sobre o dia-a-dia da mãe (esse ser que optou por amar incondicionalmente) e da mulher "vivinha da silva" atrás dessa mãe.
A gestação, o nascimento, os primeiro meses de vida do bebê e etc. são fases diferentes entre si e absolutamente ricas em novidades. A cada ano, a cada etapa conquistada - os primeiros dentes, os primeiros passos, as primeiras palavras, a creche, a escola, os amigos,... - tornam a aventura de ser mãe e de formar uma família, um assunto amplo, de mil detalhes. Estamos sempre cheias de dúvidas e, ao mesmo tempo, repletas de experiências para passar.
A coluna falará da nova personagem que surge na vida da mulher assim que ela engravida: a mãe.
O que muda com a chegada desse ser (a mãe) e do filho que ela gerou? Como ficam as suas relações com o trabalho, com os homens, com as amigas e, principalmente, com ela mesma?
VIDA DE MÃE é sobre a mulher que nasce com a maternidade e o que fazer para que ela continue bonita, saudável, atuante no mercado de trabalho e com o amor e auto-estima em dia. Teremos crônicas e também reportagens com mães e especialistas de diversas áreas. Histórias reais, como a nossa!
Se você desejar emitir uma opinião ou sugerir uma pauta para a seção Vida de Mãe, escrevam para a Denise Domingos: dendomingos@gmail.com
*Denise é mãe de Lucílio Junior, de 11 anos, e Dandhara, de 4.

domingo, 8 de maio de 2011

O MUNDO NÃO É MATERNAL - Martha Medeiros



É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto. Quando se é adolescente pensa que viveria melhor sem ela, mas é erro de cálculo. Mãe ébom em qualquer idade. Sem ela, ficamos orfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.


O mundo não se importa de estamos desagasalhados e passando fome. nâo liga se viramos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos. O mundo quer defender o seu, não o nosso.

O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro. Querque a gente case logoe compre um apartamento que vai nos deixar endividaddos por 20 anos. O mundo quer que a gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenha boa aparência, e estoure o cartão de crédito.


Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas esta mais preocupada com nosso banho, com os nossos dentes e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba.


O mundo nos olha superficialmente. Não consegue enxergar através. Não decteta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento. O mundo quer que sejamos lindos, sarados e vitoriosos, para enfeitar ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta. O mundo não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de bolo feito em casa.


O mundo quer nosso voto mas não quer atender nossas necessidades. O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula nos exclui. O mundo não tem doçura, não tem paciência, não pára para nos ouvir.

O mundo pergunta quantos eletrodomésticos você tem em casa e qual é o grau de instrução, mas não be nada dos nossos medos de infância, das nossas notas do colégio, de como foi duro arranjar o primeiro emprego.


Para o mundo, quem menos corre, voa. Quem não se comunica se trumbica. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. O mundo não quer saber de indivíduos, e sim de slogans e estatisticas...


Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial, metida brigona, insistente, dramática, chega a ser até corruptível se oferecendo em troca de alguam atenção.


Mãe sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta advinhar todas as nossas vontades, enquanto que o mundo propriamente dito exige eficiência máxima, seleciona os mais bem dotados e cobra caro pelo seu tempo.


Mãe é de graça!!

Mãe é Mãe! Mentira!



Vamos esclarecer alguns pontos sobre mães,ok? 
Desconstruir alguns mitos. 
Não, não precisa se preocupar!!!!. 
Não é nada ofensivo, eu também sou mãe...e avó! 
Vamos lá: 

MÃE É MÃE: mentira !!!
Mãe foi mãe, mas já faz um tempão! 
Agora mãe é um monte de coisas: 
é atleta, atriz, é superstar. 
Mãe agora é pediatra, psicóloga, motorista. 
Também é cozinheira e lavadeira. 
Pode ser política, até ditadora, não tem outro jeito. 
Mãe às vezes também é pai.
Sustenta a casa, toma conta de tudo, está jogando um bolão. 
Mãe pode ser irmã: empresta roupa, vai a shows de rocke pra desespero de algumas filhas, entra na briga por um namorado. 

Mãe é avó !!!(oba, esse é o meu departamento!):
moderníssima, antenadíssima, não fica mais em cadeira de balanço, 
se quiser também namora, trabalha, adora dançar. 
Mãe pode ser destaque de escola de samba, guarda de trânsito, campeã de aeróbica, mergulhadora. 
Só não é santa, a não ser que você acredite em milagres. 
Mãe já foi mãe, agora é mãe também. 

MÃE É UMA SÓ: mentira !!! 
Sabe por quê? 
Claro que sabe! 
Toda criança tem uma avó que participa, dá colo, está lá quando é preciso. 
De certa forma, tem duas mães. 
Tem aquela moça, a babá, que mima, brinca, cuida.
Uma mãe de reserva, que fica no banco, mas tem seus dias de titular. 
E outras mulheres que prestam uma ajuda valiosa. 
Uma médica que salva uma vida, uma fisioterapeuta que corrige uma deficiência, uma advogada que liberta um inocente, todas são um pouco mães. 
Até a maga do feminismo, Camille Paglia, que só conheceu instinto maternal por fotografia, admitiu uma vez que lecionar não deixa de ser uma forma de exercer a maternidade. 
O certo então, seria dizer: mãe, todos têm pelo menos uma. 

Ser mãe é padecer no paraíso: mentira! 
Que paraíso, cara-pálida?!!!! 
Paraíso é o Taiti! paraíso é a Grécia! é Bora-Bora! onde crianças não entram. 
Cara,estamos falando da vida real, que é ótima muitas vezes, e aborrecida outras tantas, vamos combinar.
Quanto a padecer, é bobagem. 
Tem coisas muito piores do que acordar de madrugada no inverno pra amamentar o bebê, trocar a fralda e fazer arrotar. 
Por exemplo?
Ficar de madrugada esperando o filho ou filha adolescente voltar da festa na casa de um amigo que você nunca ouviu falar, num sítio que você não tem a mínima idéia de onde fica.??? 
Aí a barra é pesada, pode crer!!!!... 

Maternidade é a missão de toda mulher: mentira !!!
Maternidade não é serviço militar obrigatório, caraca! 
Deus nos deu um útero mas o diabo nos deu poder de escolha. 
Como já disse o Vinicius: filhos, melhor não tê-los, mas se não tê-los,como sabê-los?
Vinicius era homem e tinha as mesmas dúvidas. 
Não tê-los não é o problema, o problema é descartar essa experiência. 
Como eu preferi não deixar nada pendente pra a próxima encarnação, vivi e estou vivendo tudo o que eu acho que vale a pena nesta vida mesmo, que é 
pequena mas tem bastante espaço!!!!. 
Mas acredito piamente que uma mulher pode perfeitamente ser feliz sem filhos, assim como uma mãe padrão, dessas que têm umas seis crianças na barra da saia, pode ser feliz sem nunca ter conhecido Paris, sem nunca ter mergulhado no Caribe, sem nunca ter lido um poema de Fernando Pessoa.
É difícil, mas acontece!!!!!. 

Mamãe, eu quero!!!!: verdade! 
Você pode não querer ser uma, mas não conheço ninguém 
que não queira a sua. 

(Martha Medeiros)

LIS, MAMÃE ADORA SER SUA MÃE!!!! TÃO SONHADA FLOR DE LIS!!!

"Arrumei a casa, preparei o coração
 Esperando sua chegada, tão sonhada.
 Vesti o melhor sorriso, 
Espalhei pelo chão, 
o perfume da rosa mais enfeitada 
Pra te colorir e te cobrir de bem querer! "

domingo, 27 de março de 2011

varandistas...quando fui chuva

Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir Pudim de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente um pedacinho minúsculo do meu pudim preferido. Um só. Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa.
Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um pudim bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.

O PUDIM é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano. A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade. A gente sai pra jantar, mas come pouco. Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons. Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil'). Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta. Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo. Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai. Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação... Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão... Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'.Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos. Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções. Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'... Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar vários pedaços de pudim, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado. Um dia a gente cria juízo.
Um dia. Não tem que ser agora. Por isso, garçom, por favor, me traga: um pudim inteiro um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK? Não necessariamente nessa ordem. Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago . "


(Martha Medeiros - é escritora, jornalista e colunista do Caderno Donna ZH)

PORQUE LER É PRECISO... AGIR É URGENTE...

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.

Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam
poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir
assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
O Valioso tempo dos Maduros

( Mário de Andrade)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia conosco, insistindo.


 Martha Medeiros

quarta-feira, 16 de março de 2011

"Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente?No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço.A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poçodo poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? Agente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gentenão morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói.Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir quê."




"(...)porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência." 
CAIO FERNANDO ABREU 
Então me vens e me chega e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque assim que és..."

Ivete Sangalo - Meu maior presente

"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis."